terça-feira, 11 de outubro de 2016

Fazemos nós #2

(onde se mostra algo que não é muito vantajoso, mas é giro de fazer)


Nesta casa, consome-se iogurte em quantidades industriais. Excepto a coisa pequena, somos todos doidos por iogurte. O meu amor e eu não bebemos leite, mas vingamo-nos nos iogurtes. A marabunta grande bebe leite de soja, mas vinga-se nos iogurtes na mesma. Sempre que lhe dá a fome e não sabe o que há-de comer… pumba! O que equivale a dizer que está sempre a comer iogurte, porque está sempre com fome. Óbvio. Portanto, há muito tempo que deixei de comprar potinhos de iogurte, que desapareciam à velocidade da luz. Para nós, compro embalagens Tetra Pak de um litro de iogurte natural. Para o filho crescido, compro potes de meio quilo de iogurte de stracciatella do Lidl ou do Aldi. Quando queremos levar na marmita, tenho umas embalagens especiais, cuja tampa dá para pôr muesli ou fruta.

Aqui há umas semanas, os potes que comprava para o Diogo desapareceram. O produto não foi descontinuado, porque eu continuava a ver as caixas vazias no frigorífico dos supermercados. Mas foi um ai que se lhe deu... Na brincadeira, perguntei-lhe se teria contado o segredo a algum amigo marabuntesco lá da escola, mas ele garantiu-me que não. Entretanto, o meu amor descobriu uns iogurtes gregos de stracciatella da Nestlé que também agradaram ao adolescente da casa… à mãe é que nem por isso, tendo em conta que tinha de comprar uma embalagem de quatro iogurtes por 3.20€, dia sim, dia não. A coisa ficava um nadinha cara, no final do mês.

Vai daí, lembrei-me de começar a fazer iogurtes de stracciatella. O problema é que demorei tanto tempo a aprofundar o tema na Net, a comprar uma iogurteira em segunda mão e a encontrar exactamente o leite que queria que… os potes de iogurte do Diogo voltaram milagrosamente a estar disponíveis no supermercado. E, entretanto, ele começou a gostar de outros sabores. :p Os homens da casa suspiraram de alívio, porque estavam um bocado cépticos. São uns descrentes! Obviamente, o meu “investimento” não podia ser desperdiçado, pelo que avancei mesmo com a ideia de fazer iogurtes caseiros.

Já fiz uma série deles, tirando ideias daqui e dali, adaptando ao que tinha em casa e aos nossos gostos. Por tentativa e erro, como faço sempre. Para início de conversa, tenho a dizer que os meus iogurtes foram aprovados de imediato. São absolutamente deliciosos! Desaparecem ainda mais depressa do que os outros, infelizmente. Como é evidente, são mais saudáveis e menos doces do que os iogurtes de compra. Contudo, confesso que não ficam mais baratos. Longe disso. Não me parece que o processo seja “mais ecológico”. E também não é lá muito prático. Resumindo, para ser totalmente sincera, esta história dos iogurtes caseiros fica consideravelmente mais cara, suja loiça que nunca mais acaba e dá uma trabalheira do caraças. Mas fiquei apaixonada!

O princípio é muito simples. Ferve-se um litro de leite com 3 colheres de sopa de açúcar. Deixa-se arrefecer e junta-se um pote de iogurte (pode ser caseiro). Distribui-se pelos potinhos de vidro e deixa-se a fermentar na iogurteira durante 12 horas. A partir daqui, podemos criar diversas variantes. Ferver o leite com um pau de canela, uma vagem de baunilha ou cascas de citrinos, por exemplo. Depois de juntar o iogurte, pôr bolacha migada ou chocolate derretido. Pôr no fundo dos potinhos maçã cozida, bocadinhos de caramelo, frutos secos, aveia… É todo um novo mundo. A minha única premissa é usar leite biológico gordo do dia, que compro numa quinta aqui perto (1€/l + 0.40€ pela garrafa esterilizada). O iogurte fica mais consistente e saboroso, não sendo necessário acrescentar o leite em pó que se vê nalgumas receitas. Sei que também é possível fazer esta receita sem iogurteira, num forno preaquecido a 50ºC ou embrulhando os potinhos numa manta, com uma botija de água quente… mas parece-me muito mais complicado. A iogurteira fica ligada durante a noite, é a única parte deste processo que não dá qualquer trabalho.

 [ Eis a máquina distribuidora de leite do dia, situada à entrada da quinta. Na porta atrás do Vasco, tira-se uma garrafa esterilizada (opcional). No meio, introduzem-se as moedas. Por fim, abre-se a porta metalizada à esquerda, põe-se a garrafa e carrega-se no botão para sair o leite. Na máquina do lado, pode-se comprar ovos de maneira um bocadinho mais simples... ]


[ iogurte de maçã caramelizada com amêndoa ]

2 comentários:

  1. Fiz uma vez. A seguir fiz as contas. Baldes de 1 litro de iogurte grego do LIDL moram em permanência no nosso frigorífico.
    E a pena que tenho que os pacotes de leite em Portugal sejam só de um litro? É tão parvo, não rende nada.

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    1. Fiquei completamente parva com os tamanhos gigantescos das coisas, quando estive no Canadá há uns anos atrás. Os pacotes de leite, sumo, manteiga... As embalagens de champô, gel duche, pasta de dentes... Uma pessoa quase se sentia liliputiana naqueles supermercados! Mas em termos ecológicos, financeiros e logísticos compensa mesmo. Claro que, depois, precisaríamos dos chamados "frigoríficos americanos" para armazenar aquilo tudo!

      Também concordo que os iogurtes caseiros não compensam. Mas acho piada fazermos os nossos próprios aromas. E o leite gordo do dia tem, de facto, outro sabor... Sabe a infância.

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