terça-feira, 20 de setembro de 2016

A melhor compra dos últimos tempos

(onde se tenta falar de sopas e outros assuntos se intrometem)



A minha amiga Christine comprou uma soup maker. Não, esperem… a minha amiga Christine herdou uma soup maker da nossa vizinha maluca. Não só se fartava depressa dos animais, como se fartava ainda mais depressa dos gadgets. Infelizmente, a mim só me calhava a bicharada caída em desgraça. Confesso que teria trocado de bom grado o Peanuts pela soup maker, pela qual me apaixonei de imediato. Entretanto, também me apaixonei pelo Peanuts. Mas, sejamos honestos, a coisa levou o seu tempo. Tipo, muito tempo. Aquele coelho diabólico não é uma criatura fácil de amar, embora tenha acalmado com o tempo. OK… não foi o tempo. Acalmou quando o começámos a soltar no quintal. Eu sempre disse que aquele monstro era selvagem. E acalmou mais um bocadinho quando o começámos a estrafegar de mimo. A razão pela qual as coisas se passaram por esta ordem, e não a inversa, é que era muito difícil estrafegar um coelho selvagem. Primeiro, teve de amansar um bocadinho. Um bom bocado, vá…

Voltando à história da soup maker, pela qual me apaixonei. Na minha imaginação, aquilo era o El Dorado das “Sopas Do Que Havia” (no frigorífico). As únicas que eu sabia fazer. Nunca fui grande sopeira. A verdade é que não gosto muito de sopas, portanto o meu interesse pela temática nunca foi devidamente explorado. Até começarmos a viver a quatro. E o meu amor começar a elogiar as minhas sopas. E eu decidir estar à altura dos elogios. E os rapazes começarem a elogiar as minhas sopas, criando o mito de que sou boa sopeira. Uma excelente sopeira. A melhor sopeira. A dada altura, dei por mim a suar as estopinhas para não me estatelar do pedestal abaixo. Farta de viver na mentira da personagem criada pelos homens da casa, fui obrigada a tornar-me boa sopeira (para os parâmetros bem mais exigente de quem, efectivamente, não aprecia sopa). Não contentes, as marabuntas começaram a exigir sopa às refeições. Mais sopa. Fora das refeições também. E, para piorar ainda mais a situação, começaram a exigir sopas específicas. Já não lhes chegava o tupperware enorme, que durava dias, com sopas inventadas. Habituei-os mal, foi o que foi.

Como estava a ver a minha vidinha a andar para trás, no que às sopas diz respeito, decidi arregaçar as mangas. O que, no meu caso específico, significa fazer o périplo das lojas em segunda mão. Uma soup maker nova da Phillips custa cerca de 90 euros. Nem morta daria este valor astronómico por um gadget. Ainda se me aspirasse a casa ou limpasse o pó… nááá, nem assim! Os miúdos fazem o mesmo gratuitamente. Portanto, a soup maker tinha mesmo de ser baratinha. [Eu não devia dizer estas coisas aqui… logo à noite, já devo ter uns três e-mails à minha espera a acusar-me de levar uma vida miserável, de cultivar o miserabilismo e de educar miseravelmente os meus filhos. A tónica é a miséria, não sei já perceberam. Ou será a misséria? Hum… parece-me que é mais a mizéria. Diz que é do Acordo Ortográfico e nós fingimos que acreditamos. Bom… não me vou dispersar novamente. Voltarei um dia destes ao assunto que, acreditem, bem merece um belo post. Ó, plo menus, 1 lizta izaustiva currijida dos diverços termus utilisados, pra deichar de me sintir insoltada ântes memo de xegar aos verdaderos insoltus. Percebe-ram? Se calhare tambêm devía de apruveitar pra re-ver a conjugassão. Adiante.]

Por coincidência, no dia em que a endocrinologista disse que o Vasco tinha de se enfrascar em sopa para saciar a fome desmesurada à refeição, encontrei uma soup maker como nova por um preço convidativo: 30 euros. Não encontrei o telemóvel que andava à procura para a coisa pequena, mas saí da loja aos pulinhos. O meu amor olhou para mim de lado. Creio que a única coisa que ele recorda dos tempos da vizinha maluca é a quantidade de bichos que nos entraram casa adentro. Nunca lhe devo ter dito que invejava a Christine por ter conseguido ficar com o gadget das sopas. Claro que andava a gabar o aparelho há seculos, mas ele respondia sempre que era melhor investirmos numa boa panela de pressão. É um descrente das maravilhas dos avanços tecnológicos. Além disso, reparou de imediato que a soup maker não vinha com livro de instruções. Nada que não se resolvesse com uns vídeos no youtube, argumentei.

E, de facto, muitooooos vídeos depois, a minha soup maker estava a trabalhar. [Agora, vou fingir que sou daquelas bloggers que narra uma historieta familiar para vos impingir um produto publicitário qualquer] A coitada já deve ter amaldiçoado o momento em que veio parar a esta casa, porque nunca mais teve descanso. O único defeito que tenho a apontar-lhe é o tamanho reduzido. Faz sopas para 5 pessoas, se ninguém repetir. Para nós, é pouco. [OK, concedo que, se quero vender correctamente o produto, talvez não devesse ter começado por aqui…] Excepto isso, estou rendida. Uma pessoa atira para lá os legumes cortados à toa e ela faz tudo sozinha, em apenas 20 minutos. Aquece, mexe, tritura e, no final, mantém quente. Se gostarmos das sopas com pedaços, também há essa opção. Ah… e faz isto tudo quase em silêncio absoluto. É fantástica. Principalmente para quem ocupa a placa toda com tacho e panelas, porque gosta de acompanhar as refeições com legumes variados à parte. [Já estou a melhorar, hein? Se calhar ainda tenho futuro neste mundo da publicidade bloguística] Resta dizer que a soup maker também faz smoothies e compotas. Ainda só experimentei esta última e também fiquei satisfeita. Como sou niquenta, acho que o programa dura pouco tempo e lanço-o novamente. Mas, para quem gosta de doces tipo geleia, mais líquidos, fica uma delícia!

[ as minhas fotografias não fazem definitivamente jus ao bicho, por isso roubei estas na net ]





2 comentários:

  1. Uma grande risada antes da caminha...A par das correções gramatico-linguísticas! Sinto que não me vou apaixonar por máquinas culinárias: sou dona de uma Bimby há 13 anos e já não me lembro há quanto tempo não a ligo! Adorei esse papel de cozinheira ideal, em competição com as bloggers que estão mesmo em "concurso" aqui na terra...Boa noite e parabéns!

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    1. A Bimby é coisa que não existe por aqui, embora talvez houvesse mercado. Quer dizer, tinha de ser maior porque a malta na Bélgica tem mais filhos! Mas eu também acho que não seria grande fã, Mariana. Gosto muito de cozinhar... sopas é que nem por isso! :p
      Um beijinho de bom-dia!

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