sábado, 14 de novembro de 2015

Não

(porque hoje não tive resposta a todas as perguntas dos meus rapazes,

nem soube o que não lhes dizer)



Não, os ataques terroristas perpetrados em Paris ontem à noite não se devem à política externa francesa, nomeadamente na Síria. Começaram muito antes.

Não, isto não foi “mais um ataque terrorista”, igual a tantos outros. O modus operandi deles mudou e isso merece ampla reflexão.

Não, os terroristas não entraram todos na Europa de barco, com as armas escondidas nos coletes, disfarçados de refugiados. Andamos todos a fugir do mesmo.

Não, a verdade boçal “Nem todos os muçulmanos são terroristas, mas todos os terroristas são muçulmanos” que li por aí é voluntariamente falaciosa.

Não, o Corão não diz em lado nenhum que se deve dizimar populações em nome de Alá.

Não, os terroristas não falavam árabe, coisíssima nenhuma. Várias testemunhas ouviram-nos falar um francês perfeito, sem sotaque. Tal como os meus filhos, que estão neste país desde pequenos.

Não, #JenesuispasCharlie#JenesuispasParis, nem porra nenhuma. Isto não é um hashtag, isto não é uma moda, isto não é uma foto de perfil de facebook com a bandeira da França durante uma semana.

Não, não tenho medo de actos terroristas que aconteceram a três horas de minha casa. A única maneira de lutarmos contra isto é recusando-nos a entrar nessa vaga explosiva de medo+xenofobia. Disso, sim, tenho muito medo.

Não, a maior comunidade estrangeira a viver em Bruxelas, contrariamente ao que se pensa, não é árabe… é francesa. Ninguém dá por eles e não param de chegar, é uma maçada. Mas não é por isso que vamos deixar de acolher refugiados.

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